quinta-feira, 20 de agosto de 2015

As Revoluções Educacionais

Uma Breve História da Educação
Professor Julio Cesar Ferreira dos Passos

A Primeira Revolução Educacional

Segundo Esteve (2004) o inicio da educação no mundo data de mais de 3000 anos no Egito antigo onde foi localizado a primeira revolução educacional quando foram criadas as primeiras casas de instrução que eram consideradas como escolas com objetivos de formar profissionais e pessoas na época que também eram chamadas de escribas. Estes escribas aprendiam a linguagem da época, os famosos hieróglifos, e também tinham aprendizagem voltadas para a religião.
Estas casas de instrução perduraram na humanidade por um período aproximado de 2000 anos e foram também utilizadas na antiga Europa como forma de instrução de uma minoria da população, dedicado especificamente para Aristocracia.
O processo de ensino desta época era caracterizado basicamente por um instrutor e um aluno em uma sala. Era um processo dedicado de ensino. A figura 1 abaixo ilustra a relação professor e aluno nesta época.
CHARDIN, Jean-Baptiste Simeon. A jovem professora, 1736.
National Galery, Londres.

Como pode-se constatar na figura 1, a organização era constituída de um professor para um aluno onde tem ponto impactante para absorção dos conteúdos. Naquele tempo, os reis e faraós selecionavam pessoas que eram verdadeiros pensadores para a instrução de seus filhos e príncipes tornando assim a educação um processo individualizado.

Pela formação da sociedade que se tinha naquela época, o conhecimento e o processo de instrução, estavam localizados basicamente junto às igrejas e mosteiros da época, pois somente alguns pensadores, padres e monges tinha acesso a informação, elitizando e detendo o conhecimento e o restante da sociedade não precisava deste conhecimento para realizar suas atividades.

A Segunda Revolução Educacional

Segundo Esteve (2004) no século XVIII esta localizada o processo da segunda revolução educacional junto a Europa durante os Estados Nacionais (Europeus) na constituição da Itália, França e Espanha no pós renascimento e idade média, inicia-se a aglutinação de países e fortalecimento dos reis e não mais os reis.
Os reis para consolidar seu poder necessitam cuidar da formação das pessoas que viviam nesses países e formar a identidade nacional no país se opondo a igrejas e religião.
Com isso é constituído um Decreto do Rei Frederico Guilherme II da Prússia em 1787 regendo que pela primeira vez diz que a educação deve ser pública e responsabilidade do Estado, figura 2.

Figura 2: Rei Frederico Guilherme da Prússia II.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Frederico_II_da_Pr%C3%BAssia#/media/File:Antoine_Pesne_-_Kronprinz_Friedrich_von_Preu%C3%9Fen.jpg.

Mesmo durante a época da Revolução na França, Inglaterra e independência dos Estados Unidos o decreto foi instituído e disseminado para a sociedade. Existe a preocupação da consolidação do Estado e para isso se fazia necessário esforços voltados para a educação de todos na sociedade tirando a responsabilidade educacional da igreja.

Diferentemente do que se tinha na primeira revolução educacional, com o decreto do Rei Frederico, o ambiente de ensino sofreu grande impacto em configuração, número de alunos e forma de disseminação da instrução da sociedade, conforme mostrado na figura 3.

Figura 3: Sala de Aula Século XVIII.
Fonte: anapaulabarros.com (2014).

Pode-se constatar na figura 3 que alguns detalhes bem significativos chama a atenção para o modo de como a educação era trabalhada a partir desta mudança. O papel do professor agora acima de um tablado, uma lousa atras e um relógio para controle do tempo de aula e de frente a uma quantidade maior de aluno, bem diferente do ensino individualizado que se tinha. Com a pulverização da educação e o novo papel do Estado o processo de ensino necessita de mudanças em sua configuração. Existe uma mudança arquitetônica no espaço da sala de aula com maior espaço para mais alunos ao mesmo tempo.
O conhecimento é centrado no professor (figura 4) e o mesmo irá transmitir este conhecimento aos seus alunos, pois o conhecimento era restrito aos pensadores e os livros eram caros e somente poderiam dar aula quem tinham acesso as bibliotecas da cidade.

Figura 4: Professor como detentor do conhecimento. Fonte:educadri.wordpress.com (2015).

Modelo de ensino utilizado até os dias de hoje onde o professor é detentor do conhecimento.
Existe também o fato das turmas de alunos serem extremamente homogenizadas de maneira que o ensino fosse mais eficiente dotados de meninos, excluindo 50% da sociedade, com a mesma faixa etária, mesmo cor de pele e corte de cabelo. Para que se possa ser mais eficiente é necessário homogenizar a população das escolas.

Até os dias de hoje, muito professores entendem que para uma maior eficiência no ensino é necessário que as turmas de alunos estejam homogenizados quanto ao conhecimento, caso contrário não será possível aprender. Sendo assim, até hoje tem-se as turmar divididas em séries, níveis e classificação de desempenho, em algumas situações (nivelar alunos).

A Terceira Revolução Educacional

Momento de democratização e universalização da educação no mundo. No entanto, apenas 10% da população frequentavam as escolas. Neste momento, é necessário que todas as crianças cheguem a escola e a busca da universalização do ensino, o crescimento do capitalismo e a industrialização necessitam que as pessoas sejam melhores profissionalizadas.

Um dos focos desta terceira revolução educacional esta na inclusão na sala de aula das diferenças sociais, econômicas, psíquicas, físicas, culturais, religiosas, raciais, ideológicas e de gênero. A figura 5 ilustra esta inclusão.

Figura 5: Inclusão na Escola moderna.
Fonte: cristianebdias.blogspot.com (2015).


Todas as formas de diferença devem ser aceitas na escolas representando a universalização da educação. A partir desta revolução educacional o docente deve aceitar em sua sala de aula todas as diferenças e não excluir ninguém do acesso ao ensino, fato que não ocorria na primeira e segunda revolução. Alguns professores daquela época classificavam alunos como indisciplinados e os excluíam das turmas. A sociedade legitimava a exclusão da maioria naquele período.

Com o a terceira revolução educacional, tem-se o objetivo de elevar o numero de alunos nas salas de aula o que é demonstrado na figura 6 abaixo:
Figura 6: Aumento do numero de alunos escola.
Fonte: exame.abril.com.br (2015).

O objetivo é aumentar o numero de alunos na sala de aula para ensinar mais efetivamente atingindo maior quantidade.

Desafio da Educação - Parte I

Com as revoluções educacionais, aumentado assim o numero de alunos nas escolas, novos desafios surgiram para os educadores tendo em vista que a acessibilidade dos alunos se elevou trazendo consigo diversas diferenças uma preocupação e foco é o de manter a qualidade da educação.

A figura 7 abaixo demonstra este triangulo onde estas três variáveis são demonstradas.

Figura 7: Desafios Educação I.
Fonte: O autor baseado em Araújo,(2015).

Constata-se que a acessibilidade elevou-se bem como a equidade dos alunos ao passo que a qualidade ficou menor na base do triangulo. Isso demonstra que a formação embora esteja acessível a grande maioria da população detentora de diversas diferenças a qualidade tem-se reduzido.

Desafio da Educação - Parte II

O cenário ideal para o sistema de ensino é que os lados deste triangulo dos desafios da educação esteja com tamanhos equilibrados, conforme demonstra a figura 8 abaixo.


Figura 8: Desafios Educação II.
Fonte: O autor baseado em Araújo,(2015).

Nesta figura 8 é claro perceber que o equilibrio das variáveis se mostra mais evidente e este é o principal desafio dos educadores contemporâneos. Manter a escola acessível a um grande numero de alunos dotados de suas diferenças ao mesmo tempo em que se mantem a qualidade do que é ensinado.

Uma das ferramentas que podem ajudar a superar este desafio é o que se conhece nos dias atuais de metodologia ativas de aprendizagem estruturando novas metodologias de ensino aos alunos mudando de forma significativa o papel do aluno e do professor na sala de aula. O foco muda para o aprendizagem e não mais para o ensino onde se tinha um professor que se mantinha ensinando o tempo todo e os alunos ouvindo de forma passiva o que era ensinado. 

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, Ulisses F.; SASTRE, Genoveva (orgs.). Aprendizagem baseada em problemas no ensino superior. Summus Editorial: São Paulo, 2009.

ESTEVE, J. M. A terceira revolução educacional: a educação na sociedade do
conhecimento. São Paulo: Moderna, 2004.



2 comentários:

  1. Bem escrito e explicado, obrigado me ajuda bastante

    ResponderExcluir
  2. Excelente texto Júlio César!!! Parabéns!!! Tudo que se faz com primor se expande com amor...

    ResponderExcluir